Ontem, 15 de junho de 2014, foi um dia histórico para o futebol. Foi a primeira vez, em uma Copa do Mundo, que a tecnologia foi decisiva para determinar se a bola entrou ou não. Na estreia da França contra a seleção de Honduras, no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, Benzema recebeu um cruzamento da direita, chutou e acertou a trave hondurenha. A bola viajou até o outro lado do gol, bateu no goleiro Valladares e entrou. O árbitro brasileiro Sandro Meira Ricci apontou o centro do gramado. Gol da França.
Mas como funciona a goal-line technology, ou tecnologia na linha do gol (TLG)? A FIFA instalou sensores na trave dos estádios brasileiros? Tem algum chip dentro da bola Brazuca? Não, não é nada disso. Calma que a gente explica.
No Brasil, os 12 estádios que receberão jogos da Copa do Mundo estão equipados com oGoalControl-4D, tecnologia desenvolvida pela alemã GoalControl que consegue detectar a posição de uma bola de futebol em tempo real com precisão de até 5 milímetros. Para fazer o monitoramento, o GoalControl-4D se baseia em informações recebidas de 14 câmeras de altíssima velocidade, sete para cada área de gol.
Uma das 14 câmeras do GoalControl-4D espalhadas pelos estádios
Essas 14 câmeras estão localizadas ao redor do gramado e são fixadas na cobertura dos estádios. Elas são capazes de filmar em até 500 quadros por segundo, quase 20 vezes a capacidade da maioria dos smartphones, que normalmente conseguem capturar só 30 quadros por segundo. Na prática, isso significa que as câmeras acompanham a posição de uma bola a cada 2 milissegundos (você demora de 100 a 400 milissegundos para piscar seus olhos).
As imagens capturadas pelas 14 câmeras são enviadas em tempo real, por cabos de fibra ótica, para dois computadores com alta capacidade de processamento que filtram o árbitro, os jogadores e outros objetos que possam estar encobrindo a bola. Os computadores conhecem a posição tridimensional (posições x, y e z) e a velocidade da bola.
Todo árbitro da Copa do Mundo tem um desse no pulso
Se a bola ultrapassar completamente a linha do gol, um sinal criptografado é enviado em menos de um segundo para o relógio do árbitro, que vibra no pulso e mostra na tela uma mensagem informando que foi gol. Por outro lado, se a bola estiver muito próxima da linha do gol, mas não entrar, o relógio avisará claramente que não houve gol. Se ainda restar dúvida, todas as imagens de gols ou quase-gols são salvas e podem ser reproduzidas a qualquer momento.
Pelo menos durante a Copa do Mundo, a tecnologia na linha do gol vai acabar com aquelas discussões legais de quando acontece um lance polêmico (que só são legais quando o prejudicado não for o meu time!).
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