A primeira bateria comercial de íons de lítio foi
lançada em 1991 e, desde então, com o crescimento dos dispositivos
móveis, esse tipo de bateria se tornou a mais comum. E ela vem
evoluindo.
A evolução das baterias segue três pilares principais:
a vida útil da bateria, a segurança e o custo. Atualmente, as baterias
mais comuns são as de íons de lítio porque o lítio é um material
bastante atrativo para ser usado como acumulador elétrico. As baterias
de lítio não são tóxicas e, diferente das suas antecessoras, não possuem
problemas com o efeito memória.
"Você tem 5 horas de autonomia, mas só usou 3 horas,
por exemplo. Depois, você volta e dá uma carga e assim por diante. Isso
forma um composto chamado intermetálico que isolava o material ativo,
mas esse composto era de cádmio. Com a bateria de lítio, é outro
material, então ele não tem este problema de efeito memória",
explica Maria de Fátima Rosolem, pesquisadora / CPqD.
Sem efeito memória, não faz o menor sentido esperar a
bateria descarregar inteira para carregá-la novamente. As baterias de
lítio podem ser carregadas a qualquer momento e por quanto tempo você
achar necessário.
Toda bateria, seja qual for a tecnologia usada, tem
uma vida útil. Ou seja, um dia ela acaba. As baterias armazenam energia
na forma de compostos químicos e com o passar do tempo, parte do
material se torna inativo. A vida útil das baterias é avaliada em ciclos
– cada carga e descarga completa representa um ciclo. No Brasil, as
baterias vendidas oficialmente junto com os tablets e celulares, são
todas certificadas e homologadas pela Anatel. Cada lote passa por 15
ensaios entre desempenho e segurança; os testes duram cerca de 120 dias.
O mínimo exigido de uma bateria são 300 ciclos, mas já se sabe que elas
aguentam muito mais do que isso; algumas ultrapassam os mil ciclos de
vida útil.
O principal fator externo que influencia a vida útil
da bateria – depois da sua qualidade – é a temperatura. A maioria das
baterias foi fabricada para funcionar entre zero e 40 graus Celsius;
nesta faixa não há qualquer perda de desempenho. Temperaturas extremas
são maléficas. Muito calor acelera as reações químicas e,
consequentemente, reduzem a vida útil da bateria. E muito frio diminui a
velocidade das reações...
"Se você for usar o celular num clima muito frio, ele
vai ter menor autonomia, só que é melhor para a vida útil, que não
estaria sofrendo os processos de degradação da temperatura elevada. Só
que a sua autonomia para falar todos os dias vai ser menor",
completa Maria de Fátima Rosolem, pesquisadora / CPqD.
"A mudança da temperatura dentro daquela faixa de 0 a
40 graus tem a ver com a vida útil da bateria, quando que ela deixará
efetivamente de funcionar - e não com a preservação da carga",
afirma Renato Franzin, professor / USP.
As baterias atuais são bem complexas; com sensores de
temperatura e tensão, o circuito interno é seguro e impede
superaquecimento do aparelho ou até casos de explosão.
"Esses sensores protegem de uma sobrecarga ou
explosão quando você deixa carregando por muito tempo carregando na
tomada", completa Franzin.
Aliás, exatamente por isso, tome sempre muito cuidado e
evite baterias e equipamentos piratas ou de origem duvidosa. Aliás,
outro alerta importante é: aconteça o que acontecer, nunca abra sua
bateria – ela é lacrada para sua segurança.
"Os materiais que estão lá em contato com o oxigênio do ar podem sofrer combustão interna e pegar fogo", alerta Maria de Fátima.
"Os materiais que estão lá em contato com o oxigênio do ar podem sofrer combustão interna e pegar fogo", alerta Maria de Fátima.
O processo eletroquímico das baterias é contínuo;
assim, mesmo com o aparelho desligado, a bateria perde energia
armazenada. Claro, quando ela é requisitada pelo dispositivo, o gasto é
muito maior. Esse fato serve para outro alerta: nunca guarde uma bateria
descarregada por muito tempo...
"Na verdade, a bateria não foi feita para ficar
descarregada, então os processos eletroquímicos vão acontecer numa
escala diferente do que quando ela tem alguma carga. E isso deteriora a
bateria um pouco mais rápido", explica o professor da USP.
Como dissemos no início, as baterias vem evoluindo ao
longo do tempo. A questão é que a evolução dos dispositivos móveis e da
microeletrônica é muito mais rápida. Nas baterias, o processo de
pesquisas e desenvolvimento é lento. Mas ainda assim, o futuro das
baterias promete...
"É muito mais provável que você encontre um
desenvolvimento no dispositivo móvel que vá promover a economia de
energia e prolongar o tempo de funcionamento do que a melhoria da
tecnologia da bateria", completa Franzin.
Para se ter uma ideia, somente a substituição das
telas de LCD pelo novo OLED vai representar uma economia energética nos
dispositivos móveis da ordem de 25%; para nós, usuários finais, a
sensação vai ser de maior autonomia de bateria.
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