Todo mundo que já utilizou uma rede Wi-Fi sabe que, quanto mais forte estiver o sinal, melhor será a conexão. É algo semelhante ao ouvir música: quanto mais perto você estiver da origem do som, melhor você conseguirá perceber suas nuances.
No entanto, a relação exata que existe entre a força do sinal Wi-Fi e a taxa de transmissão de dados da conexão é consideravelmente mais complexa do que isso. Em outras palavras, se você estiver a uma distância duas vezes maior do roteador Wi-Fi do que outra pessoa, isso não significa que a sua conexão será duas vezes mais rápida que a dela.
O sinal do Wi-Fi é transmitido por meio de ondas de ultra-alta frequência (UHF na sigla em inglês) ou superalta frequência (SHF) do espectro de rádio. Com isso, está sujeito às mesmas interferências e instabilidades das demais ondas de rádio.
Interferência de radiofrequência
Um desses obstáculos é a chamada interferência de radiofrequência, ou RF. O mundo em que vivemos é repleto de sinais de rádio, e praticamente qualquer dispositivo eletrônico pode transmitir esses sinais, desde fones de ouvido sem fio bluetooth até fornos de microondas.
Quando um "cliente" de Wi-Fi (um aparelho que está recebendo dados via Wi-Fi) percebe outro sinal de radiofrequência - mesmo que não se trate de um sinal Wi-Fi - ele fica confuso, e para de transmitir e receber sinais até que esse outro sinal seja interrompido.
Isso acaba causando a redução da taxa de transmissão de dados da rede, e em alguns casos resulta em perda de pacotes - dados que saem de um local, mas nunca chegam a seu destino. Nesses casos, os dispositivos precisam retransmitir os dados, o que também diminui a velocidade da conexão.
Mudando de marcha
Outro fator que todos nós sabemos que afeta a taxa de transmissão de dados é a distância: quanto mais perto estivermos da fonte do sinal, melhor a velocidade da conexão. Mas, como dissemos anteriormente, essa relação não é direta. Isso porque, conforme a força do sinal aumenta, os dispositivos conseguem utilizar Esquemas de Modulação e Codificação (MCS, na sigla em inglês) mais complexos.
Os MCSs são, basicamente, a linguagem por meio do qual os sinais são transmitidos: quando o sinal está mais forte, os dados podem ser transmitidos em linguagens mais complexas, que oferecem uma taxa maior de transferência de dados.
No entanto, por se tratar de interações mais complexas, os MCSs que permitem conexões mais rápidas são, também, mais sujeitos a interferência. Assim, conforme o sinal vai enfraquecendo, o dispositivo WiFi passa a usar MCSs menos complexos (e mais "lentos") para garantir a integridade da conexão.
É possível pensar nos diferentes MCSs como diferentes marchas de um carro: conforme o carro fica mais rápido, é necessário mudar de marcha para que a velocidade aumente ainda mais. Os roteadores são assim também: com determinada força de sinal, eles "mudam de marcha" para um MCS mais complexo, o que oferece um ganho considerável de velocidade na conexão.
Isso funciona no sentido oposto também: conforme o sinal se enfraquece, chega um ponto em que é necessário trocar de MCS, deixando a conexão consideravelmente mais lenta. Isso explica por que um passinho para um lado ou para o outro pode fazer tanta diferença na sua conexão.
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