A Apple se enrolou um bocado quando decidiu reduzir a performance dos iPhones sem avisar os consumidores. No entendimento geral, a proposta de oferecer um “feature” para proteger os aparelhos e minizar o desgaste natural das baterias não foi feito da maneira correta, a maçã teria intencionalmente induzido milhares de consumidores ao erro ao pensarem que o problema se dava pela incapacidade de modelos antigos se adequarem às novas versões do iOS, levando à troca anual de smartphones e inflando suas vendas.
A Apple, para quem “ter a confiança dos clientes é tudo” oficialmente alega que agiu na melhor das intenções, ao capar intencionalmente a performance dos iPhones por suas baterias suportarem até 500 ciclos de carga e recarga antes de começarem a se desgastar, e que o recurso powerd incluído no iOS 10.2.1 em 2016 foi feito para manter os smartphones em uso por mais tempo. Segundo Cupertino, manter uma mesma performance com baterias desgastadas levaria a problemas como desligamentos constantes e isso, ela não iria permitir em nome da experiência de uso “perfeita”.
O problema é que a Apple não jogou limpo. Ela não divulgou a existência do powerd e não alertou os consumidores de que elementos do iOS estavam ativos de modo a reduzir a performance dos iPhones tão logo detectassem um certo desgaste na bateria, o que em última análise fez muita gente acreditar que a cada grande atualização do sistema móvel, modelos anteriores não mais seriam capazes de extrair o máximo por limitações de hardware e a única solução era trocar de iPhone a cada novo modelo posto no mercado. Assim, o powerd indiretamente teria inflado as vendas nos últimos dois anos de forma intencional.
Desnecessário dizer que todas as desculpas apresentadas pela Apple, bem como a redução de preço temporária no procedimento de substituição das baterias não colaram, o problema é o recurso ativo permanente que VAI tesourar a performance mais cedo ou mais tarde, e obviamente está chovendo processinhos em Cupertino.
Pois bem, em recente entrevista à rede ABC, a jornalista Rebecca Jarvis foi direto na jugular do CEO Tim Cook, questionando sobre o atual posicionamento da empresa sobre toda a polêmica da redução de performance dos iPhones. O executivo enfim foi um pouco mais claro sobre toda essa celeuma, e embora tenha novamente reiterado o pedido de desculpas publicado anteriormente afirmou mais uma vez que sob seu ponto de vista, nada de errado foi feito e a preocupação principal da maçã é para com o usuário e uma experiência de uso adequada.
Segundo Cook, reduzir a performance de iPhones com baterias desgastadas é o correto a se fazer ao invés de permitir que os mesmos continuem funcionando a 100%, permitindo a ocorrência de erros e desligamentos constantes; ao usuário ficaria a opção de ou ter um aparelho funcionando com menos performance ou abrir a carteira e trocar a bateria, visto que nenhuma fabricante de smartphone cobre desgaste natural nos termos de garantia.
Porém Cook reconheceu que é preferível dar a opção de escolha aos usuários; sendo assim, um primeiro beta do iOS com a opção de desligar o powerd será liberada em fevereiro mas o CEO, que não se aguenta informa que ao fazê-lo o usuário submeterá seu iPhone a um possível comportamento errático, com desligamentos frequentes mas com uso pleno de CPU e GPU. Assim, caberá aos consumidores decidirem qual a melhor solução: desligar o recurso e tentar a sorte, deixa-lo ligado e se virar com um aparelho capado ou gastar seus cobres em uma bateria nova.
Pode-se dizer que a Apple está enfim fazendo o que deveria desde o início, dar a opção ao consumidor ao invés de decidir o que é melhor para ele, sem informa-lo do que anda fazendo e induzindo-o a gastar mais com um aparelho novo todo ano. Ainda que o desligamento do powerd cause problemas e Tim Cook ainda insista que isso não é aconselhável, é melhor ter o switch do que sequer saber que o recurso existe.
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