Depois do sucesso do iPad, o mercado de tablets explodiu. O aparelho
da Apple não inventou a categoria: notebooks "conversíveis" com telas
sensíveis ao toque e reconhecimento de escrita, rodando Windows, já
existiam há alguns anos, mas o iPad foi o primeiro tablet a fazer
sucesso entre os consumidores e com seu baixo peso, tela enorme e longa
autonomia de bateria praticamente definiu o que se espera de um tablet
moderno.
Praticamente todos os fabricantes, de A (Acer) a Z (ZTE),
tem um tablet nas lojas, ou planos para lançar um muito em breve. As
configurações são as mais variadas possíveis, indo de aparelhos com
telas de 7" até as 10.1", assim como a faixa de preço: você pode pagar
R$ 350 por um tablet de procedência desconhecida ou R$ 2.600 por um iPad
2 com 3G e 64 GB de memória interna.
Tablets, como este Samsung Galaxy Tab 10.1", estão disponíveis em várias configurações e preços
Com tantas opções fica difícil escolher, e erra quem pensa que todos
os tablets são iguais. Um modelo com câmera de 5 MP é realmente melhor
que um com câmera de 3 MP? 3G é mesmo necessário? Tela de 7" ou de 10"?
Para responder a estas perguntas elaboramos este guia, com o que não
importa, o que às vezes importa e o que realmente importa na hora da
compra.
Preço e capacidade de memória: fique de olho
Cuidado com as "pechinchas": as lojas estão cheias de tablets
"baratinhos" de fabricantes desconhecidos que são um verdadeiro
desperdício de dinheiro. Há alguns pontos em comum: todos tem uma tela
de 7", aceitam "modem 3G" (geralmente com o uso de um adaptador), e se
parecem com um iPad que encolheu (com direito ao botão "Home" logo
abaixo da tela). Alguns tem até TV (digital ou analógica), e todos tem
um preço atraente: entre R$ 350 e R$ 600 reais.
Mas o maior ponto em comum é que todos são horríveis. A tela usa
tecnologia resistiva e não responde bem aos toques. A qualidade de
imagem é ruim. O desempenho é baixo, mesmo em tarefas simples como a
navegação na web (se puder, tente acessar um site como o nosso e role a
tela. Se o tablet engasgar, fuja). E a autonomia de bateria é
invariavelmente ruim, às vezes menos de duas horas por carga, com tempo
de recarga de 4 horas ou mais. Um bom exemplo destes aparelhos é o Smart Tablet T7 da Digital Life, que analisamos há alguns meses.
Comprar um tablet destes é certeza de decepção. Sabemos que o preço
às vezes é irresistível, e é fácil tentar racionalizar a escolha
pensando "Ah, não vou usar muito", mas seja forte. A dica é: se você
nunca ouviu falar da marca, não compre.
Quanto à memória, vale o ditado: "Cautela, canja de galinha e espaço
em disco não fazem mal a ninguém". Tablets são dispositivos para consumo
de mídia, como vídeos e fotos, e estes arquivos exigem muito espaço em
disco. Na hora de decidir a compra, opte pelo modelo com a maior
capacidade de memória que puder.
16 GB é um começo, mas quando mais, melhor. Se o tablet tiver entrada
para cartões microSD, melhor ainda: significa que se você abarrotar a
memória interna de músicas pode expandí-la com cartões que são pequenos e
fáceis de encontrar, e estão disponíveis em modelos com capacidade de
até 32 GB.
O que não importa
Câmera: na maioria dos tablets atualmente
no mercado a câmera serve mais como uma "conveniência", para que você
não perca um momento, do que como um recurso realmente importante.
Os tablets são desajeitados demais para substituir uma câmera de
bolso, e mesmo os sensores de 5 MP na maioria dos modelos com o sistema
operacional Android produzem imagens de qualidade apenas mediana, que
não se igualam às produzidas por um bom smartphone ou mesmo uma câmera
digital doméstica básica. O mesmo vale para o "vídeo em HD" gravado
pelos aparelhos: a resolução é realmente HD (1280 x 720 pixels), mas a
qualidade da imagem (em termos de cor, nitidez, contraste e exposição)
deixa a desejar.
O que às vezes importa
Tamanho e peso: O tamanho e o peso de um
tablet influenciam com que frequência e como ele será usado. Se ele for
grande e pesado demais, você irá pensar duas vezes antes de colocá-lo na
bolsa em uma viagem. Se a tela for pequena demais, pode não ser o ideal
para quem quer jogar ou assistir filmes.
Por isso, é importante pensar em como você irá usar o tablet. Se você
pretende usá-lo como livro eletrônico (e-Book), para ler e-mails,
navegar na web e acessar redes sociais, um modelo leve e com tela de 7"
como o Samsung Galaxy Tab original ou Positivo Ypy 7" pode ser o suficiente. Se pretende assistir filmes e séries ou jogar, é melhor investir em um aparelho com tela de 10" como o Motorola Xoom.
Modelos com tela de 8.9" são um meio-termo bastante interessante, mas
no momento só há um modelo nessa categoria no mercado nacional, o Samsung Galaxy Tab 8.9" 3G.
Conexão 3G: Outro recurso que depende da
forma de uso. Conexão à internet em qualquer lugar é com certeza uma
idéia interessante, mas lembre-se de que você precisará contratar um
plano de dados com uma operadora, o que implica em um custo mensal. E
aparelhos com 3G integrado são um pouco mais caros que as versões apenas
com Wi-Fi.
Se você vai usar o tablet apenas em casa, não precisa de um modelo
com 3G. Mas se planeja usá-lo "na rua" durante o dia todo, 3G é
essencial para se manter conectado. Se você tem um smarthone Android ou
um iPhone, tem uma terceira opção: comprar um modelo Wi-Fi e
compartilhar a conexão 3G do celular com o tablet via "Tethering",
recurso também chamado de "Ponto de Acesso Móvel", "Roteador Wi-Fi" ou
"Wireless Hotspot".
O que realmente importa
Autonomia de bateria: Tablets são a
representação perfeita da computação móvel, mas não há mobilidade se
você precisa procurar uma tomada a cada duas horas. A autonomia de
bateria de um tablet deve ser de no minimo seis horas, quanto mais
melhor.
Aplicativos: Seu tablet pode ter um
processador quad-core, câmera de 12 MP e 256 GB de memória interna com
conexão 5G. Mas mesmo assim vai ser um peso de papel se você não tiver
software, ou "apps", para rodar nele. São elas que permitem que você
navegue na internet, leia e responda a e-mails, atire pássaros
enfurecidos contra porcos ou assista vídeos. No final das contas o
hardware é apenas uma "janela" para o software.
Nesse ponto o sistema da Apple, o iOS, leva larga vantagem: já são
mais de 140 mil aplicativos otimizados para o iPad e iPad 2, segundo a
empresa. Tablets com o sistema Android 3.x "Honeycomb", da Google, saem
perdendo com um catálogo muito menor, embora a Google não divulgue
números detalhados. Isso não quer dizer que não há aplicativos, apenas
que a variedade é menor. Felizmente a situação tende a melhorar,
especialmente com a chegada do Android 4.x "Ice Cream Sandwich", prevista para 2012.
Não importa se rodam Windows, iOS ou Android, os tablets são uma
evolução natural da idéia do computador pessoal e vieram para ficar. E
com um pouco de cuidado na escolha, você também poderá tirar proveito de
toda a praticidade e versatilidade que eles tem a oferecer. Boas
compras!