Mesmo com a maioria dos profissionais de TI associando esse termo àqueles que possuem uma graduação ou uma certificação, não podemos nos esquecer de que o técnico em informática,
que por muitas vezes é criticado e tido como um mero formatador sem um
conhecimento sólido e mais aguçado, também é um profissional do campo da
tecnologia da informação e, portanto, deve ser respeitado.
Muito
da má fama que esse profissional recebe advém da má qualidade dos
cursos técnicos que, não raras vezes, ensinam os conteúdos apenas de
forma superficial e de maneira incompleta, bem como do próprio
profissional que, por geralmente ser jovem e lidar com um campo de
trabalho relativamente mais novo do que os mais “clássicos” – como
Mecânica, Eletrônica ou Engenharia -, não está preparado para o
famigerado mercado de trabalho, não sabendo como se vestir ou se portar na empresa ou diante de um cliente.
Este
artigo é inteiramente dedicado a esse profissional tão essencial à vida
de milhares de usuários finais. Aqui, coloco algumas dicas sobre ética e comportamento que, se seguidas, ajudarão esse trabalhador a progredir em sua carreira. Aos que tem formação superior, peço consideração e auxílio para os que estão começando.
O Técnico em Informática deve sempre atualizar-se sobre o assunto
Conforme
já foi dito, muitos cursinhos técnicos de informática não possuem um
nível aceitável de qualidade no tocante ao conteúdo ensinado. Pior
ainda, não são todas as universidades que possuem um curso de
Licenciatura em Informática o que, muitas vezes, faz com que o professor
tenha uma formação de cientista ou de engenheiro – ou, até mesmo, de
técnico – e não tenha base curricular para lecionar.
É fato
conhecido de que todas as profissões – médico, engenheiro, arquiteto,
professor – precisam se atualizar constantemente e, para quem lida com
um campo tão dinâmico quanto a informática, essa exigência possui um
peso maior, afinal, o que você aprendeu hoje em seu curso pode não valer
mais no mês que vem.
O técnico em informática não deve considerar
suficiente apenas o que aprende em sala de aula: deve pesquisar
constantemente em fóruns, em livros e em sites especializados para nunca
ficar para trás.
O Técnico em Informática deve cuidar da sua aparência profissional
Por
ser um campo de trabalho relativamente recente, muitos profissionais e
empresas de informática trabalham em um ambiente informal, o que de
certa maneira é bom, mas que, se exagerado, pode causar uma péssima
impressão para o cliente.
Apenas para citar um exemplo, semana
passada eu passei em frente a uma empresa que vendia antenas de TV por
assinatura de uma famosa marca nacional em minha cidade. Os
trabalhadores da empresa, devidamente uniformizados, estavam colocando
caixas em um veículo e, perto deles, um carro adesivado com o logotipo
da operadora estava com o rádio no último volume tocando um funk com
letra de duplo sentido. Mesmo que esse fosse o estilo musical preferido
daqueles funcionários, eles involuntariamente associaram uma marca
nacional a um estilo de música que nem todos gostam, o que poderia fazer
com que alguns potenciais clientes que estivessem passando pelo local
procurassem um serviço concorrente.
Com o técnico ou a empresa de
informática, é a mesma coisa – principalmente se o trabalho for a
domicílio. Como profissional, evite trabalhar usando boné, bermuda,
corrente, física ou regata, pois isso poderá causar uma má impressão. Se
possível, vista uma roupa social e trate seu cliente com cortesia. Caso
a empresa dispense formalidades, pergunte ao seu empregador quais
seriam os trajes adequados.
Formatação e pirataria
Esse é, talvez, o ponto mais polêmico do trabalho do técnico em informática. Ambas as questões são bastante delicadas.
Por
um lado, profissionais de formação acadêmica acusam os técnicos em
informática de serem reles formatadores, recorrendo à medida extrema,
muitas vezes de forma incorreta e precipitada, a fim de resolver
quaisquer problemas, de uma infecção por vírus até uma mensagem de erro
misteriosa. Por outro, devemos nos colocar no lugar desse profissional.
Mesmo sabendo que, hoje, existem ferramentas apropriadas para detectar e
remover infecções, como HijackThis! e ComboFix, precisamos considerar
que, muitas vezes, o empregador entrega ao técnico uma grande quantidade
de máquinas com diversos problemas para serem resolvidos até o final do
expediente e, dessa forma, o técnico fica sem tempo para pesquisar uma
solução mais adequada aos problemas apresentados, recorrendo à extrema
medida.
Isso poderia ser resolvido com capacitação profissional e
recai sobre o primeiro item dessa lista, o qual diz que o técnico deve
sempre procurar se atualizar.
A falta de atualização é, também, uma das grandes responsáveis pela pirataria de software,
a qual parece rolar solta nas oficinas de manutenção. Muitos técnicos,
ao receberem um micro para formatar, logo tratam de enfiar o CD do
Windows Ultimate no drive e excluir tudo que exista no disco. A maioria
não deve saber que os computadores atuais possuem partições de recuperação,
as quais permitem reinstalar o sistema original de fábrica em poucos
minutos mediante o pressionar de uma combinação de teclas durante o
boot, sem a necessidade de discos ou de drivers adicionais. A partição
de recuperação deve ser o método de formatação preferido, a menos que o
cliente tenha solicitado a mudança do sistema operacional.
Quando o cliente solicita a mudança ou a instalação do sistema operacional,
caímos em um ponto delicado pois, como todos nós sabemos, o Windows é
um sistema caro e, embora existam versões mais em conta para usuários
domésticos, como a Home Premium, muitos simplesmente as ignoram,
procurando instalar logo a famigerada versão Ultimate, pensando que ela
seja a melhor, mesmo que o usuário não aproveite sequer um décimo dos
recursos oferecidos.
Pirataria de software é crime tanto para quem
instala quanto para quem usa. O técnico ou a loja devem ter uma
política clara quanto a isso e conscientizar os clientes sobre
alternativas disponíveis como, por exemplo, sistemas baseados em Linux.
Zelar pelos dados do cliente
O
Técnico em Informática não está autorizado a, de qualquer forma,
acessar, copiar, visualizar ou excluir os dados do equipamento do
cliente. Esse é um princípio básico mas que, muitas vezes, passa batido por várias lojas e profissionais.
Foi-se
o tempo em que o computador era apenas um eletroeletrônico comum; Hoje
em dia, principalmente com a ascensão dos notebooks e demais
equipamentos portáteis, eles se tornaram uma extensão de nossas vidas
pessoal e profissional. Graças aos HDs cada vez maiores, médicos podem
armazenar prontuários e receitas em seus notebooks, assim como
professores podem guardar provas e conceitos, advogados podem colocar
arquivos com processos civis e criminais ou uma simples família coloque
fotos de seu final de semana na praia. Tudo isso agrega valor ao
equipamento, fazendo-o valer muito mais do que o preço pelo qual ele foi
comprado.
Músicas, filmes, documentos, fotos, programas
originais… o técnico não pode tomar para si o que é do cliente. Por mais
que sejamos humanos, passíveis ao erro, devemos tratar os dados do
computador do cliente com o máximo de respeito e profissionalismo.
Recentemente a prática de apoderar-se e compartilhar informações sem
permissão virou crime com “duras penalizações”, portanto, um motivo a
mais para manter a integridade das informações de clientes.
Da mesma forma, o profissional ou a empresa deve ter uma política clara de backup.
No caso de o disco rígido precisar ser formatado, o que vai acontecer
com os arquivos pessoais? A loja vai gravá-los em outra mídia e
entregá-la ao cliente? Ela vai armazená-la em outro dispositivo e,
depois recolocá-los em seu lugar original? O que vai acontecer com esse
dispositivo? Ou será que o backup é de responsabilidade do cliente e a
loja não quer nem saber? São questões a se pensar bem.
O Técnico em Informática não deve agir de má-fé
É
sabido que a maioria dos usuários mal sabe ligar o computador – e é
justamente por isso que eles recorrem ao técnico em informática quando
tem problemas. Infelizmente, porém, muitos técnicos se aproveitam desse
fato conhecido para extorquir dinheiro de seus clientes de maneira
fraudulenta. São defeitos que não existem, peças trocadas que não
precisavam ser substituídas ou, até mesmo, a criação proposital de
“bombas relógio”, ou seja, a plantação de um problema que vai acontecer
em determinado tempo para que o cliente retorne àquela assistência.
Um
bom profissional trata o cliente com respeito, seja qual área for.
Jamais deve-se aproveitar da ignorância do cliente para lhe empurrar um
produto ou serviço desnecessário e sempre deve-se consultar o dono do
equipamento antes de instalar ou remover qualquer peça ou programa.
Enfim, esse artigo não tem por intenção esgotar o assunto ética profissional, mas servir de guia básico àqueles que escolheram a computação como sua opção de vida. Bem-vindo ao time!