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segunda-feira, 16 de março de 2015

O que, de fato, é internet das coisas e que revolução ela pode trazer?

A resposta saberemos nos próximos anos, mas uma coisa é certa, uma nova revolução digital está prestes a acontecer.

Há alguns anos, devido ao crescimento exponencial no número de pessoas com acesso a computadores e a internet, se tornou bastante comum ouvirmos especialistas afirmarem peremptoriamente que estávamos vivenciando um marco em nossa história, a “era da inclusão digital”. O Brasil, por exemplo, atingiu em 2014 o incrível número de 86,7 milhões de habitantes plugados na rede mundial de computadores, o que representa mais de 50% de sua população, segundo dados do IBGE.

De fato, a internet mudou definitivamente o nosso cotidiano, pois permitiu, sobretudo, uma velocidade de acesso a informações que até então não tínhamos. Mas se a internet “das pessoas” pode ser considerada uma verdadeira revolução, creio que ainda não exista em nosso dicionário uma palavra para classificar as iminentes mudanças que a “Internet das Coisas” (Internet of things) pode nos proporcionar.

Mas o que é a Internet das Coisas? Para você que ainda não conhece o termo, a Internet das Coisas é um conceito no qual dispositivos de nosso dia a dia são equipados com sensores capazes de captar aspectos do mundo real, como por exemplo, temperatura, umidade, presença, etc, e envia-los a centrais que recebem estas informações e as utilizam de forma inteligente.

Ok, mas e na prática? Como a Internet das Coisas pode ser aplicada em nossas vidas? Ainda é cedo para dizer, pois novas idéias surgem a todo momento. Diversos eventos e amostras acontecem constantemente e mostram casas “inteligentes”, que por exemplo permitem que o dono acenda e apague as luzes de qualquer lugar pelo smartphone, porta da garagem que abra sozinha ao detectar que o carro está se aproximando, porta de casa que dispensa chave e abra pelo telefone ou reconhecimento facial, e diversas outras idéias que ainda parecem um pouco distantes de se tornarem comerciais. Mas podemos citar alguns exemplos que já existem à venda no mercado:

• Sensor Nike + Apple. Já disponível no site da Apple, trata-se de um sensor Nike que deve ser colocado embaixo da palmilha do tênis. Através de seu smartphone ou Ipod, você define, por exemplo, a distância que pretende correr, quantas calorias deseja perder, o seu trajeto e até mesmo uma lista de músicas para ouvir durante o seu exercício. Ao finalizar esta atividade, todas as informações são enviadas automaticamente para o site nikeplus.com, onde o postulante a Usain Bolt pode acompanhar todo o seu histórico de corridas, acompanhar sua evolução e até dividir seus resultados.

• Caixa de Remédios Inteligente AdhereTech. A Adhere Tech desenvolveu uma embalagem inteligente de remédios que avisa ao paciente o horário em que ele precisa tomar seus medicamentos. A embalagem possui um sensor capaz de identificar se a mesma foi aberta ou não, além de controlar a quantidade de medicamento que ainda resta, avisando com antecedência quando o medicamento estiver próximo de terminar. A embalagem inteligente envia as informações para o servidor da empresa que pode mandar alertas para os pacientes através de sms, e-mails e até ligações telefônicas. Além disso, a própria embalagem emite uma luz vermelha e um bipe sonoro, sempre que o paciente não tomar a medicação no horário correto.

• Refrigerador Inteligente Samsung. Geladeiras inteligentes são talvez o mais comum dos exemplos quando falamos sobre Internet das Coisas. O refrigerador Samsung RF28HMELBSR/AA, por exemplo, é equipado com uma tela LCD capaz de reproduzir a tela de seu smartphone no refrigerador. É possível reproduzir vídeos e músicas, consultar a previsão do tempo e até mesmo fazer compras online enquanto verifica na geladeira os itens que precisam ser comprados. O refrigerador traz ainda um app chamado Epicurious, que permite a consulta de receitas online. 

O que devemos esperar do futuro da Internet das Coisas?

Segundo dados divulgados pelo Gartner, em 2015 o número de dispositivos conectados à Internet das Coisas (IoT) deve chegar a 4,9 bilhões, um aumento de 30% em relação a 2014. Ainda segundo o Gartner, os investimentos em Internet das Coisas devem chegar a US$ 69 bilhões em 2015 e alcançar quase US$ 300 bilhões em 2020.

Segundo muitos especialistas, um dos grandes obstáculos da Internet das Coisas é a interoperabilidade entre os dispositivos, devido aos diferentes protocolos que atualmente podem ser utilizados por eles para a troca de informações. Acredito, porém, que este desafio será vencido em um futuro muito próximo, dada a quantidade de empresas de peso que se uniram em prol do desenvolvimento de um padrão de comunicação para estes dispositivos.

Particularmente, creio que o principal desafio da Internet das Coisas é conseguir utilizar a tecnologia para oferecer itens realmente úteis em preços acessíveis ao consumidor final. A Internet das Coisas não pode ser uma gincana onde a empresa que mostrar o mais alto nível de tecnologia sairá vencedora. Afinal, o fato de algo ser possível não quer dizer que deva ser feito. Será que o valor gasto em pesquisas (e o valor cobrado do cliente final) é justificável para que tenhamos uma geladeira com acesso à internet? Ao invés disso, será que um dia nosso refrigerador poderá se comunicar com nosso carro e, ao detectar que estamos próximos a um mercado, poderá enviar para nosso smartphone uma lista de compras baseada nos alimentos que estão acabando ou vencendo em nossa geladeira?

Indubitavelmente, a possibilidade de instalar sensores e coletar informações de dispositivos que antes nunca foram monitorados é a grande aliada da Internet das Coisas, mas o que pode ser feito com estas informações ainda é a grande pergunta. A resposta saberemos nos próximos anos, mas uma coisa é certa, uma nova revolução digital está prestes a acontecer.

Rodrigo Nascimento é diretor de operações da FNC IT.

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